Vancouverismo é mais que um estilo arquitetônico: é um modelo urbano que promove densidade, convivência e conexão com a natureza, sem abrir mão da qualidade de vida. Surgiu em Vancouver, Canadá, como resposta inteligente à expansão urbana descontrolada adaptando o crescimento à paisagem, ao transporte coletivo e à vida em comunidade.
Esse fenômeno combina torres residenciais esbeltas que respeitam vistas panorâmicas, bases comerciais ativas, transporte público eficiente, espaços verdes generosos e participação comunitária no planejamento urbano. Esse conjunto de estratégias transformou Vancouver em uma referência global em urbanismo, um lugar realmente pensado para as pessoas viverem bem com coerência, sem maquiagem estilística.

O que é “Vancouverismo”?
Vancouverism (ou vancouverismo, em português) é uma filosofia urbana que se materializa em um formato construtivo: torres residenciais estreitas, apoiadas em estruturas de menor altura com uso comercial, criação de corredores visuais (view corridors), forte integração com transporte público, e aposta em espaços verdes e qualidade de vida.
Bing Thom, arquiteto, definiu assim: é “um espírito sobre o espaço público… acessos ao mar e às vistas… ter muitos moradores bem próximos, com usos misturados”
Origens e contexto histórico do Vancouverismo
A história do vancouverismo está vinculada ao fim de um projeto de rodovia que destratava bairros e separava a cidade do mar. A partir dos anos 1970, com forte mobilização popular, o planejamento urbano de Vancouver foi reorientado para priorizar habitações próximas ao centro, transporte coletivo, moradia para diversos perfis de pessoas e serviços integrados.
No pós-Expo 86, áreas industriais como False Creek ganharam nova vida com empreendimentos mistos, infraestrutura pública, moradia e design urbano pensado para moradores, não apenas para investimentos.

Elementos-chave do Vancouverismo
- Torres esbeltas sobre bases comerciais
Predomina um perfil em que os edifícios são altos, finos e apoiados em podiuns comerciais de 3–5 andares — para promover vida ativa no nível da rua e preservar visibilidade. - View corridors (corredores visuais)
Diretrizes implementadas em 1989/1990 protegem vistas para as montanhas North Shore. Embora elogiadas por preservar paisagens, também enfrentam críticas por homogeneizar o horizonte urbano. - Transporte integrado e mobilidade sustentável
Grade urbana compacta, mid-blocks, SkyTrain elevado — tudo pensado para priorizar pedestres e ciclistas. Vancouver lidera a América do Norte em caminhadas e ciclismo ao trabalho, além de ter os melhores índices de segurança viária e qualidade do ar. - Pessoas no centro do planejamento
Projetos como City Plan envolveram 100 mil cidadãos, em várias línguas, definindo ações de urbanismo com forte participação comunitária. Parcerias com moradores foram essenciais para valores de uso público e infraestrutura. - Espaços públicos e amenidades verdes
Seguindo a regra 3-30-300, cada residência deve ter vista de ao menos 3 árvores, 30 % de cobertura arbórea no bairro e estar a 300 metros de um espaço verde. A cidade promove pop-up plazas, jardins comunitários, murais e eventos públicos.
Aplicações e exemplos práticos
- Yaletown e False Creek
Antigas áreas industriais reinventadas como bairros vibrantes, com edifícios mistos, cultura local, e vida urbana intensa. - Vancouver House (BIG)
Exemplo contemporâneo de vancouverismo: torre elegante em pedestal, vistas preservadas, uso público ativado sob uma ponte e padrão LEED Platinum de sustentabilidade.

Críticas e tensões
Apesar dos elogios, o vancouverismo não é isento de desafios:
- Homogeneização urbana
A repetição das formas “torre+pódio” pode resultar em paisagens monótonas, reduzindo diversidade estética e cultural. - Gentrificação e perda de identidade
Essa valorização urbana elevou custos imobiliários, expulsando negócios locais e comunidades culturais, como Chinatown e espaços históricos, resultando em “placelessness” lugares que perdem sua alma. - Processos complexos e lentos
O modelo exige processos regulamentares extensos, revisão de design, e pode ser criticado por falta de transparência e participação decrescente no planejamento. - Crise de habitação acessível
Apesar das concessões culturais e de infraestrutura (CACs), parte desse custo é repassado aos compradores, afetando a acessibilidade habitacional.
prós e contras
Pontos Fortes | Limitações / Críticas |
---|---|
Cidade densa e viva, com transporte ativo | Skyline repetitivo e falta de diversidade |
Alta qualidade de vida e mobilidade | Gentrificação e perda de identidade cultural |
Participação pública e planejamento social | Processos longos, menos transparência |
Prioridade socioambiental | Desafios na habitação acessível |
Conclusão
Vancouverism funciona muito bem quando o planejamento é transparente, participativo e verdadeiramente voltado para a comunidade e não apenas para o lucro imobiliário ou imagem urbana. Densificar não significa sufocar; pode significar reinventar uma cidade de forma sustentável e humana.
Como arquiteta, vejo nesse modelo muita inspiração: interação entre escala humana e torre, ruas vivas, transporte sensível, paisagens preservadas, pluralidade de usos e, claro, a nostalgia de um bairro que acolha gente diversa.
- Observações:
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Papo de Arquiteta
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