Arquitetura Hostil: Os Perigos Invisíveis nas Estruturas Urbanas

Arquitetura, Notícias, Projetos 18 de setembro de 2023

Olá, leitores do Papo de Arquiteta! Sou apaixonada por arquitetura, e é com grande entusiasmo que trago um tema importante e por vezes negligenciado: a arquitetura hostil.

Como arquiteta com anos de experiência, sinto a responsabilidade de discutir esse assunto que afeta diretamente a vida nas cidades modernas. Neste artigo, exploraremos o que é a arquitetura hostil, por que as empresas a adotam, os problemas que ela causa e como podemos enfrentar esse desafio.

A “arquitetura hostil” é um termo que se refere a projetos arquitetônicos ou design urbano que são intencionalmente concebidos para desencorajar ou prejudicar certos tipos de comportamento humano, muitas vezes com o objetivo de melhorar a segurança pública ou influenciar o comportamento das pessoas de maneira específica.

Essa abordagem é frequentemente usada em áreas urbanas para evitar comportamentos indesejados, como sem-tetos acampando em locais públicos, skate em áreas não autorizadas, consumo de álcool em espaços públicos, entre outros.

O que é Arquitetura Hostil?

Antes de aprofundarmos, é essencial entender o que significa a “arquitetura hostil”. Basicamente, trata-se de um conjunto de elementos arquitetônicos e urbanísticos projetados com a intenção de controlar ou afastar pessoas de determinados espaços públicos.

Esses elementos são geralmente discretos e não parecem hostis à primeira vista, mas têm um impacto significativo na forma como as pessoas interagem com o ambiente urbano.

Por que Empresas Adotam a Arquitetura Hostil?

Agora, vamos explorar por que algumas empresas e entidades optam, estranhamente, por adotar essa prática, que parece contraditória com o propósito da arquitetura, que é criar espaços inclusivos e funcionais.

  1. Dissuadir Populações Vulneráveis: Infelizmente, uma das principais razões para a adoção da arquitetura hostil é a intenção de afastar populações vulneráveis, como pessoas em situação de rua. Isso inclui, por exemplo, a instalação de bancos com divisórias desconfortáveis, dificultando assim que alguém deite ou durma neles.
  2. Proteção de Propriedade Privada: Algumas empresas instalam medidas hostis, principalmente, para proteger suas propriedades contra atividades indesejadas, como vandalismo ou ocupação ilegal. Um exemplo concreto disso é a instalação de espinhos em superfícies planas, com o objetivo de impedir que pessoas se sentem ou deitem nesses locais.
  3. Gestão de Multidões: Em áreas onde grandes multidões se reúnem, como estações de metrô ou áreas de eventos, a arquitetura hostil é usada para controlar o fluxo de pessoas. Isso pode incluir a criação de barreiras físicas, que, por conseguinte, limitam a movimentação ou impedem a ocupação excessiva de espaços.

Exemplos de arquitetura hostil incluem:

Divisores anti-moradores de rua: Instalação de bancos com divisórias ou apoios de braço para evitar que sem-tetos durmam neles.

Pinos anti-pássaros: Colocação de pinos ou espinhos nas superfícies onde pássaros costumam pousar para evitar que eles se estabeleçam ali.

Arquitetura Hostil

Recesso de janelas em edifícios: Projetar janelas de forma que não seja possível sentar-se ou colocar objetos nelas, impedindo assim que as pessoas se aproximem.

Instalação de grades e cercas altas: Utilização de cercas e grades altas em locais públicos para limitar o acesso a áreas específicas.

Arquitetura Hostil

Toques de calçada ásperos: Uso de superfícies de calçada ásperas ou desconfortáveis para dormir, sentar ou deitar.

Os Problemas Causados pela Arquitetura Hostil

Agora que compreendemos por que a arquitetura hostil é adotada, é crucial discutir os problemas que ela cria em nossas cidades. Esses problemas, por conseguinte, não afetam apenas a estética urbana, mas também têm, sem dúvida, um impacto social profundo.

  1. Exclusão Social: A arquitetura hostil perpetua, em resumo, a exclusão social, tornando determinados espaços inacessíveis ou desconfortáveis, sobretudo, para certas pessoas. Isso, por sua vez, reforça a divisão entre diferentes grupos sociais e aumenta, por conseguinte, a estigmatização.
  2. Degradação do Espaço Urbano: Elementos hostis muitas vezes prejudicam a estética do espaço urbano, tornando-o, consequentemente, menos atraente e acolhedor. Isso, sem dúvida, pode levar à degradação geral da área, afetando, portanto, negativamente a qualidade de vida dos residentes locais.
  3. Impacto Psicológico: Viver em um ambiente onde você constantemente encontra medidas hostis pode ter, por conseguinte, um impacto psicológico significativo. Isso pode levar ao aumento do estresse e da ansiedade, especialmente entre os mais vulneráveis.

Como Enfrentar o Desafio da Arquitetura Hostil

Felizmente, existem maneiras de enfrentar o desafio da arquitetura hostil e criar, assim, espaços mais inclusivos e humanos em nossas cidades.

  1. Conscientização Pública: A educação é, sem dúvida, fundamental. Informar o público sobre os impactos negativos da arquitetura hostil pode levar, por conseguinte, a uma maior conscientização e pressionar por mudanças.
  2. Engajamento Comunitário: Envolver a comunidade no planejamento urbano é crucial. Consultas públicas e a participação ativa dos cidadãos, consequentemente, podem garantir que os espaços públicos atendam às necessidades de todos.
  3. Legislação e Regulação: Muitas cidades já estão, por conseguinte, adotando regulamentações que proíbem ou limitam a arquitetura hostil. Isso é, sem dúvida, um passo na direção certa para garantir espaços públicos mais acolhedores.
  4. Redesign Inteligente: Quando possível, redesenhar espaços com elementos mais inclusivos. Isso pode incluir, como resultado, a remoção de dispositivos hostis e a criação de áreas de convívio mais acessíveis.

Explicando

Embora essas medidas possam ser eficazes em alcançar os objetivos pretendidos, elas também são frequentemente criticadas por serem desumanas e por marginalizar grupos vulneráveis. Alguns argumentam que a arquitetura hostil não aborda as causas subjacentes dos comportamentos indesejados, como a falta de moradia, e pode simplesmente deslocar os problemas em vez de resolvê-los.

Portanto, a arquitetura hostil é um tema controverso e muitas vezes levanta questões sobre ética, direitos humanos e o papel da arquitetura e do design urbano na construção de cidades inclusivas e acolhedoras para todos.

A arquitetura hostil é, sem dúvida, um problema que precisa ser enfrentado com seriedade. Como arquiteta, sinto uma responsabilidade especial em promover espaços urbanos que sejam inclusivos e acolhedores para todos. Espero, assim, que este artigo, com seus detalhes aprofundados e palavras de transição, tenha lançado luz sobre a importância desse tema e inspire ações para criar cidades mais humanas e justas. Juntos, podemos transformar nossas cidades em lugares onde todos se sintam bem-vindos e pertencentes.

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Lais Basso

Arquiteta e Urbanista formada pela Universidade Paranaense - UNIPAR e apaixonada pela profissão

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