O Conceito de Hygge (pronuncia-se aproximadamente “hoo-gah”) é um conceito nascido na Dinamarca e também presente na Noruega que se refere a uma atmosfera de aconchego, bem-estar, conforto e convívio. Além disso na prática de design de interiores, significa criar espaços que convidam ao “sentir-se bem” em casa, que estimulam a tranquilidade, o acolhimento, o recolhimento, sem exageros ou ostentação.
Mas vale destacar: Conceito de Hygge não é apenas um estilo de decoração ou estética. É também uma filosofia de vida é “ser” ou “estar” naquele ambiente como um convite à desaceleração, à presença, ao conforto dos sentidos.
Como arquiteta com atuação em projetos residenciais, considero esse conceito extremamente relevante: ajuda a conectar o espaço físico com a experiência de bem-estar dos moradores, e não apenas com a estética “bonita”. Vou explicar neste artigo como o hygge se aplica no design de interiores, quais são os princípios, os materiais, cores, iluminação, mobiliário, e também como adaptar para o Brasil afinal, nosso clima, luz, cultura e estilo de vida são diferentes dos países nórdicos.
Conceito de Hygge
Quando projetamos um espaço residencial, nem sempre consideramos com profundidade a experiência vivida daquele espaço como a pessoa se sentirá, o que vai acontecer ali no cotidiano, quais sensações serão estimuladas. O hygge serve como uma lente para pensarmos isso:
- Em países como a Dinamarca, com invernos longos e pouca luz natural em parte do ano, criar ambientes aconchegantes ganhou uma função quase terapêutica.
- Mesmo em regiões com outras condições climáticas, como Brasil, esse foco no bem-estar da morada ganha força: após toda a mobilidade urbana, o estresse, as mudanças, muitas pessoas querem voltar para casa e sentir “seguro”, “acolhido”, “em paz”.
- Como arquiteta focada em projetos residenciais, vejo que o hygge pode ajudar a diferenciar um projeto que é “bonito” mas frio, de um projeto que é bonito e habitável de forma prazerosa.
- Na prática do blog e conteúdo de decoração, disponibilizar dicas de como implementar o hygge ajuda o leitor comum (morador, ou cliente final) a entender que decoração não é só aparência, mas também sensação.
Por isso, adotar esse conceito é mais do que aplicar uma paleta de cores ou lançar “luzes de LED”: trata-se de cuidar da atmosfera, dos materiais, das texturas, da fluidez entre espaços, do convite ao convívio ou à introspecção.
Princípios fundamentais do conceito de Hygge para interiores
1. Paleta de cores suaves e neutras
O Conceito de Hygge favorece cores que remetem à calma: tons claros, neutros, bege, branco-quente, cinza suave, taupe, e às vezes pequenos toques terrosos ou pastéis. Essa escolha não significa “sem cor alguma”, mas sim evitar contrastes agressivos ou paletas muito vibrantes que “gritam”. Em projetos no Brasil, podemos adaptar: usar pareces ou móveis em tom neutro + um detalhe em cor suave, mantendo leveza.
2. Materiais naturais e texturas acolhedoras
Madeira clara ou média, linho, lã, couro macio, cerâmica artesanal: esses materiais ajudam a trazer “vida” ao espaço, calor tátil e visual. Usar por exemplo piso ou mobiliário de madeira natural, tapete de lã, manta de tricô ou cobertor volumoso, ao invés de superfícies superbrilhantes, frias ou em excesso “digitalizadas”.
3. Iluminação ideal e “aconchegante”
A luz faz enorme diferença. O Conceito de Hygge evita luzes muito fortes, completamente frias ou sem hierarquia. Prefere-se luz ambiente suave, várias fontes de luz (luminárias laterais, abajures, velas) que criem “pontos” de aconchego. Quando projeto para clientes, vejo que muitas vezes a iluminação geral (teto) é muito “funcional” e fria; a dica hygge seria incluir abajur ou luminária de pé com luz quente, ou mesmo velas em áreas de convivência.
4. Minimalismo com alma / Simplicidade com cuidado
Conceito de Hygge não significa “zero decoração” ou “hotel boutique minimal”, mas sim “menos é melhor” no sentido de evitar excesso, bagunça visual, sensação de impessoal. Digo aos leitores do blog: use apenas objetos que realmente têm valor (estético ou sentimental), mantenha o espaço organizado, deixe áreas livres para circulação e relaxamento. Isso contribui para a sensação de “respirar”.


5. Personalização, convívio e sentido de lar
Um ambiente hygge precisa de alma: objetos que contam história, materiais que convidam ao toque, espaços que fomentam o convívio ou o descanso. Mesmo que o projeto seja para cliente, inclusive caminho via inserir um “cantinho de leitura” ou “nicho para café ou chá” que convida à pausa, ou uma mesa onde as pessoas possam se reunir.
Diagnóstico do espaço para o Conceito de Hygge
- Verifique como o espaço está hoje: luz natural, orientação solar, materiais existentes, mobiliário fixo.
- Pergunte ao morador: quais hábitos ele tem em casa (ler, receber amigos, ver TV, trabalhar)? Quais sensações ele quer ter (tranquilidade, aconchego, convívio, introspecção)?
- Liste “obstáculos” para hygge: luz fria, mobiliário rígido, excesso de cores/distrações, piso frio, etc.
b) Definição da paleta e materiais
- Escolha as cores de base: paredes ou elementos grandes em neutros claros/quentes.
- Adicione um ou dois tons de apoio (pastéis ou terrosos) para pequenos detalhes.
- Materiais: madeira nos pisos ou mobiliário; têxteis com textura (mantas, almofadas de lã ou algodão grosso); couro ou camurça se quiser dar sofisticação.
- Evite muitos plásticos brilhantes, fórmicas frias, metálicos sem tratamento, para que o ambiente transmita calor.
c) Iluminação e “zonas de aconchego”
- Garanta boa luz natural durante o dia; à noite, aprenda a criar “zonas” com luzes baixas.
- Use abajures, lâmpadas com temperatura de cor quente (ex: 2700 K), velas ou “candle-feels”.
- Crie um “cantinho” de pausa: pode ser uma poltrona com manta + almofadas junto a uma janela, ou um banco embaixo de claraboia. Esse nicho funciona como o que os dinamarqueses chamam de “hyggekrog” (um recanto aconchegante.
d) Mobiliário e disposição do Conceito de Hygge
- Prefira móveis com linhas suaves, arredondadas, sem arestas muito agressivas.
- Use estofados macios, com tecidos confortáveis (veludo suave, lã, linho grosso).
- Evite excesso de mobiliário; permita circulação e visual “calmo”.
- Organize para o convívio: uma mesa de jantar próxima da sala de estar, poltronas viradas uma para a outra, para que famílias ou amigos possam conversar.
- Incorpore elementos que convidam ao toque e à permanência uma manta no sofá, livros sobre a mesa, uma xícara de cerâmica… esses “pequenos luxos” ajudam a “viver” o espaço.

e) Acessórios, decoração e finalizações no Conceito de Hygge
- Velas, lanternas, cestos de vime ou rattan trazem textura e informalidade.
- Plantas ou elementos naturais: ramos secos, pedras, madeira bruta ajudam a acalmar e a aproximar do exterior.
- Objetos com valor sentimental ou artesanal: uma cerâmica feita à mão, uma luminária antiga, fotografias em moldura discreta. Isso cria “alma”.
- Evite decorações altamente temáticas ou modismos passageiros em vez disso, invista em peças de qualidade e que possam perdurar.


f) Considerações para o Brasil do Conceito de Hygge
- Nosso clima pode ser mais quente ou mais iluminado, o que muda o “uso” de luzes baixas ou mantas volumosas. Então adapto: mantenha materiais naturais e texturas, mas permita ventilação, sombra, e tecidos mais leves (ex: algodão grosso ao invés de pura lã).
- As cores neutras funcionam bem, mas é possível um toque local: por exemplo, um tom levemente mais quente ou elemento em madeira de reflorestamento ou regional.
- Priorize o convívio interno/externo: muitas residências no Brasil têm varanda ou área externa; aplicar hygge ali significa iluminação aconchegante, plantas, móveis confortáveis, e transição suave entre interno/externo.
- O conceito de “aconchego” pode também se dar ao entardecer ou à noite no Brasil pensar em como a luz natural se põe, e como o espaço “vira” à noite com luz indireta, velas ou lanternas.
1. Conceito de Hygge no Quarto principal
- Parede em tom neutro (ex: bege clarinho ou cinza-quente).
- Cama com cabeceira de madeira leve, lençóis de algodão egípcio ou linho, manta de lã ou tricô ao pé da cama.
- Duas mesas de cabeceira com abajures de luz quente. Um tapete grosso ao lado da cama.
- Pequeno banco de madeira ou rattan junto à janela com manta dobrada e almofada convite à leitura ou descanso.
- Planta em vaso cerâmico pequeno; algumas velas (com segurança) ou luminária de chão de luz indireta.
Resultado: um recanto de relaxamento que transmite “cheguei e relaxo”.


2. Conceito de Hygge na Sala de estar / living
- Sofá confortável com tecido macio, várias almofadas de diferentes texturas (lã, linho, veludo).
- Poltrona ou chaise-lounge com manta.
- Mesinha lateral de madeira, livros, cerâmica artesanal.
- Iluminação: luz de teto indireta + abajures + velas agrupadas em cestos ou bandeja.
- Elementos naturais: madeira, rattan, plantas de interior, possível lareira ou simulacro de lareira (em lares onde não há, pode usar uma pilha de troncos decorativos ou peças de madeira).
- Cores suaves predominantes + um detalhe, como almofada em tom terroso ou pastel.
O efeito é convidativo, social e ao mesmo tempo sereno.
3. Conceito de Hygge na Área de jantar / convívio
- Mesa de madeira maciça ou com acabamento natural, cadeiras confortáveis com assento tecido.
- Iluminação pendente acima da mesa, com lâmpada de cor quente, e algumas velas no centro da mesa.
- Um tapete natural embaixo da mesa para aquecer visualmente o espaço.
- Elementos de servir que valorizem o artesanal (cerâmicas, mantéis simples, guardanapos de linho).
- Plantas ou ramos secos no centro leveza e conexão com a natureza.
Esse ambiente favorece o encontro, a conversa, o tempo de qualidade que é parte do que hygge representa no convívio.
Erro 1: Minimalismo frio demais
Às vezes o “menos” vira “pouco calor”. Um ambiente extremamente branco, com mobiliário super limpo, sem texturas, sem objetos que acolham, pode parecer clínico, e não aconchegante. > “Hygge is an experience. A piece of furniture cannot be ‘hyggelig’.
Solução: Introduzir texturas, mantas, luminárias baixas, elementos naturais. Mesmo com poucos móveis, que eles “tenham alma”.
Erro 2: Acessórios demais ou decoração “pesada”
O oposto também falha: usar muitos objetos decorativos variados, cores muito fortes, mix de estilos sem harmonia, acaba criando confusão visual e não acolhimento.
Solução: Selecionar elementos que “agonizam” com o espaço, manter coesão, e não acumular “por quê está na moda”.
Erro 3: Iluminação inadequada
Luz fluorescente fria ou luz geral intensa mata o charme do hygge. Sem zonas de aconchego, o espaço perde função.
Solução: Trabalhar com camadas de luz, luz indireta, lâmpadas de cor quente, velas ou pontos baixos de luz.
Erro 4: Material errado para a função/clima
No Brasil, usar muitos tecidos pesados ou tapetes grossos em regiões quentes pode virar incômodo. Ou usar madeira escura em ambiente mal iluminado pode deixar sensação de “pesado”.
Solução: Adaptar para o clima local: tecido leve mas texturizado, madeira de tonalidade média clara, ventilação, sombreamento, etc.
Conclusão
Incorporar o hygge num projeto residencial ou num artigo de blog de arquitetura é muito mais do que adotar uma estética nórdica “bonitinha”. Trata-se de priorizar sensações aconchego, presença, conexão, simplicidade com significado para que o espaço se torne verdadeiramente morada.
Como profissional com mais de cinco anos de experiência em projetos de interiores residenciais e um blog dedicado a dicas de decoração e arquitetura, posso afirmar que ambientes que priorizam a experiência do usuário/morador têm uma longevidade muito maior eles não se cansam, não ficam “datados”, porque funcionam também no nível emocional. O hygge oferece uma estrada eficaz para esse tipo de resultado.
- Observações:
Todas as imagens desta publicação são de Uso autorizado. Não infringindo nenhum direito autoral de imagem.
Papo de Arquiteta
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